sexta-feira, 31 de maio de 2024
sexta-feira, 15 de março de 2019
III Jornada de Psicanálise do grupo GEPA
Vem aí a III Jornada de Psicanálise do grupo GEPA.
O processo da vida: desenvolvimento e expansão.
O evento será realizado no dia 06 de abril de 2019 às 14 horas em São José do Rio Preto no Lar São Vicente de Paulo, localizado na rua: Ferrão Dias Paes Leme, 414- bairro Macedo.
Uma tarde reflexiva, com sorteios de livros espera por vocês! Aproveita pra marcar os seus amigos a baixo deste vídeo e participar conosco neste evento expansivo.
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terça-feira, 3 de julho de 2018
SOBRE O DISTÚRBIO DOS JOGOS
Imagine a seguinte situação, você com uma vida comum onde aparentemente nada de extraordinário acontece, mas, você ouve por toda a parte que você tem que ser o melhor, na escola tem que tirar as melhores notas, em um concurso tem que ficar a frente do outro, no seu trabalho tem que bater metas, ser melhor, fazer melhor, ganhar melhor, é estimulado à competitividade desde cedo, porém, sua vida é comum e aparentemente nada acontece.
Ao anoitecer você dorme e em seus sonhos você é o protagonista, o super herói, faz de tudo, tudo gira em torno de você, mas ao acordar, sua vida ainda é comum…
Desta forma, muitas pessoas podem se sentir assim no decorrer do dia, mas, há aqueles que encontraram uma forma de preencher o vazio já existente que sentiam, através da imersão em uma realidade virtual, onde você controla e faz, você comanda, sem dor, sem aborrecimentos, onde você é o protagonista, estamos falando dos jogos eletrônicos.
Os jogos eletrônicos abordam os mais variados temas e idades, sendo que muitos jogadores desde cedo, descobrem o prazer que a atividade lúdica pode propiciar. Eles são feitos para nos segurarem em frente aos mesmos, possuem enredos com começo, meio e fim cativantes, possuem uma complexa simbologia que muito provavelmente fará com que alguém se identifique com alguma parte do mesmo, algo de um jogo que é detalhadamente planejado e pode custar milhões para ser feito, irá certamente despertar alguma espécie de sentimento em quem os vê.
Com toda esta temática, aliado aos sentimentos de competição dos jovens, inerente às fases do desenvolvimento vital, é possível encontrar um refúgio, onde essa competitividade é potencializada, ou seja, em mundos virtuais, logo, posso ganhar, posso fazer mais pontos, posso ser e saber mais do que você, tudo que na vida real pode não ser possível, aqui eu posso, porém…
Toda esta situação pode estar escondendo algo já existente no sujeito, uma relação com vínculos mal nutridos, sejam estes entre familiares ou amigos, no qual, encontrará toda a sua representatividade em horas e muitas horas diante de jogos eletrônicos, onde é possível utilizá-los como um mecanismo de escape, se iludindo e tornando a realidade favorável para assim poder suportá-la. Desta forma, o sujeito pode até perceber que aquilo está trazendo prejuízos para a sua vida, mas, não consegue parar, pois, o objeto do jogo através de seu avatar lhe proporciona tudo o que pode faltar em suas relações vinculares.
Note que apesar dos jogos eletrônicos serem manufaturados de modo a lhe “segurar” na frente dos mesmos, eles simplesmente não podem ser acusados como os responsáveis, uma vez que, quando o sujeito começa a deixar a vida pessoal e suas relações familiares de lado em prol do jogo, começamos a “VER” um indicativo de que algo não estava sendo conduzido de maneira saudável. Sim, foi utilizada a palavra “VER”, pois, talvez este sujeito já apresentasse diversos sinais muito antes em outras áreas da vida, porém, estes possam ter passados despercebidos por ele, pelos seus familiares ou conhecidos, o que já demonstra um indicativo de uma possível instabilidade em seu funcionamento mental e seus vínculos afetivos.
Também não devemos apontar o dedo, acusar, e sim, procurar entender o que o levou a total situação, para assim acolhê-lo, e olhar novamente com outros olhos, diferente muitas vezes dos vínculos do qual o mesmo se acostumara ao longo de sua vida, que possa ter o levado a atual situação de escape.
Caso o sujeito seja uma criança, deve-se conversar e mostrar que pode haver prejuízos, no qual, não é através da imposição e nem do medo, mas, do respeito e bons cuidados, a fim de nutrir os vínculos afetivos que possam estar apresentando sinais iniciais de instabilidade, pois, para as crianças, as brincadeiras têm o objetivo de prepará-las para sua vida adulta, fantasiando atividades simples com que possam se deparar futuramente, abstratas ou não, e a privação de tais atividades, poderá muitas vezes dificultar o caminho a ser seguido.
Desta forma, existem pessoas que sofrem e pedem ajuda, pois, não conseguem controlar sua interação com jogos eletrônicos, e a mensuração e exposição de assuntos do tipo podem ser úteis no sentido de gerar conversas e novas pesquisas sobre o assunto, mas, como já mencionado, não devemos apontar o dedo, nem acusar, e muito menos patologizar sem um devido cuidado com aquele que sofre.
Referências:
ICD-11 for Mortality and Morbidity Statistics (2018). Disponível em <https://icd.who.int/browse11/l-m/en#/http%3a%2f%2fid.who.int%2ficd%2fentity%2f1448597234>. Acesso em 25 jun. 2018.
MARTINEZ, Viviana Carola Velasco. “O brincar e a realidade”… virtual: videogame, assassinatos e imortalidade. Estilos clin., São Paulo , v. 14, n. 26, p. 150-173, 2009. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-71282009000100010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 25 jun. 2018.
OMS lança nova classificação internacional de doenças. Disponível em <https://nacoesunidas.org/oms-lanca-nova-classificacao-internacional-de-doencas/>. Acesso em 25 jun. 2018.
PEREIRA DE OLIVEIRA, Marcella. Melanie Klein e as fantasias inconscientes. Winnicott e-prints, São Paulo , v. 2, n. 2, p. 1-19, 2007. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-432X2007000200005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 25 jun. 2018.
Scholars’ open debate paper on the World Health Organization ICD-11 Gaming Disorder proposal. Disponível em <https://akademiai.com/doi/full/10.1556/2006.5.2016.088> .Acesso em 25 jun. 2018.
Uma discussão sobre o “vício” em videogames. Disponível em <https://pebmed.com.br/uma-discussao-sobre-o-vicio-em-videogames/>. Acesso em 25 jun. 2018.
Ricardo Augusto Nunes
Psicoterapeuta / Psicanálise - CRP 06/142680
www.ricardoaugustonunes.com.br
Contato: 17 9-9776-1984
fale@ricardoaugustonunes.com.br
Ao anoitecer você dorme e em seus sonhos você é o protagonista, o super herói, faz de tudo, tudo gira em torno de você, mas ao acordar, sua vida ainda é comum…
Desta forma, muitas pessoas podem se sentir assim no decorrer do dia, mas, há aqueles que encontraram uma forma de preencher o vazio já existente que sentiam, através da imersão em uma realidade virtual, onde você controla e faz, você comanda, sem dor, sem aborrecimentos, onde você é o protagonista, estamos falando dos jogos eletrônicos.
Os jogos eletrônicos abordam os mais variados temas e idades, sendo que muitos jogadores desde cedo, descobrem o prazer que a atividade lúdica pode propiciar. Eles são feitos para nos segurarem em frente aos mesmos, possuem enredos com começo, meio e fim cativantes, possuem uma complexa simbologia que muito provavelmente fará com que alguém se identifique com alguma parte do mesmo, algo de um jogo que é detalhadamente planejado e pode custar milhões para ser feito, irá certamente despertar alguma espécie de sentimento em quem os vê.
Com toda esta temática, aliado aos sentimentos de competição dos jovens, inerente às fases do desenvolvimento vital, é possível encontrar um refúgio, onde essa competitividade é potencializada, ou seja, em mundos virtuais, logo, posso ganhar, posso fazer mais pontos, posso ser e saber mais do que você, tudo que na vida real pode não ser possível, aqui eu posso, porém…
Toda esta situação pode estar escondendo algo já existente no sujeito, uma relação com vínculos mal nutridos, sejam estes entre familiares ou amigos, no qual, encontrará toda a sua representatividade em horas e muitas horas diante de jogos eletrônicos, onde é possível utilizá-los como um mecanismo de escape, se iludindo e tornando a realidade favorável para assim poder suportá-la. Desta forma, o sujeito pode até perceber que aquilo está trazendo prejuízos para a sua vida, mas, não consegue parar, pois, o objeto do jogo através de seu avatar lhe proporciona tudo o que pode faltar em suas relações vinculares.
Note que apesar dos jogos eletrônicos serem manufaturados de modo a lhe “segurar” na frente dos mesmos, eles simplesmente não podem ser acusados como os responsáveis, uma vez que, quando o sujeito começa a deixar a vida pessoal e suas relações familiares de lado em prol do jogo, começamos a “VER” um indicativo de que algo não estava sendo conduzido de maneira saudável. Sim, foi utilizada a palavra “VER”, pois, talvez este sujeito já apresentasse diversos sinais muito antes em outras áreas da vida, porém, estes possam ter passados despercebidos por ele, pelos seus familiares ou conhecidos, o que já demonstra um indicativo de uma possível instabilidade em seu funcionamento mental e seus vínculos afetivos.
Também não devemos apontar o dedo, acusar, e sim, procurar entender o que o levou a total situação, para assim acolhê-lo, e olhar novamente com outros olhos, diferente muitas vezes dos vínculos do qual o mesmo se acostumara ao longo de sua vida, que possa ter o levado a atual situação de escape.
Caso o sujeito seja uma criança, deve-se conversar e mostrar que pode haver prejuízos, no qual, não é através da imposição e nem do medo, mas, do respeito e bons cuidados, a fim de nutrir os vínculos afetivos que possam estar apresentando sinais iniciais de instabilidade, pois, para as crianças, as brincadeiras têm o objetivo de prepará-las para sua vida adulta, fantasiando atividades simples com que possam se deparar futuramente, abstratas ou não, e a privação de tais atividades, poderá muitas vezes dificultar o caminho a ser seguido.
Desta forma, existem pessoas que sofrem e pedem ajuda, pois, não conseguem controlar sua interação com jogos eletrônicos, e a mensuração e exposição de assuntos do tipo podem ser úteis no sentido de gerar conversas e novas pesquisas sobre o assunto, mas, como já mencionado, não devemos apontar o dedo, nem acusar, e muito menos patologizar sem um devido cuidado com aquele que sofre.
Referências:
ICD-11 for Mortality and Morbidity Statistics (2018). Disponível em <https://icd.who.int/browse11/l-m/en#/http%3a%2f%2fid.who.int%2ficd%2fentity%2f1448597234>. Acesso em 25 jun. 2018.
MARTINEZ, Viviana Carola Velasco. “O brincar e a realidade”… virtual: videogame, assassinatos e imortalidade. Estilos clin., São Paulo , v. 14, n. 26, p. 150-173, 2009. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-71282009000100010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 25 jun. 2018.
OMS lança nova classificação internacional de doenças. Disponível em <https://nacoesunidas.org/oms-lanca-nova-classificacao-internacional-de-doencas/>. Acesso em 25 jun. 2018.
PEREIRA DE OLIVEIRA, Marcella. Melanie Klein e as fantasias inconscientes. Winnicott e-prints, São Paulo , v. 2, n. 2, p. 1-19, 2007. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-432X2007000200005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 25 jun. 2018.
Scholars’ open debate paper on the World Health Organization ICD-11 Gaming Disorder proposal. Disponível em <https://akademiai.com/doi/full/10.1556/2006.5.2016.088> .Acesso em 25 jun. 2018.
Uma discussão sobre o “vício” em videogames. Disponível em <https://pebmed.com.br/uma-discussao-sobre-o-vicio-em-videogames/>. Acesso em 25 jun. 2018.
Ricardo Augusto Nunes
Psicoterapeuta / Psicanálise - CRP 06/142680
www.ricardoaugustonunes.com.br
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quinta-feira, 24 de maio de 2018
SOBRE LAÇOS AMOROSOS E NÓS ALIENADOS
Só um milagre faz da destruição uma forma de esperança.
Luiz Felipe Ponde
Amor e ódio são
sentimentos responsáveis por promover a união de partes, a ligação das faltas
que não se completam, mas unem-se para criar algo com a imensidão que essa
junção acende [provoca] em cada um de nós.
São sentimentos que
guardam em si uma função de sustentar duas ou mais pessoas em um laço amoroso
ou amigável, e também revela em seu desdobramento uma variação que não se
prende em saberes, por isso merece um olhar mais cuidadoso.
A rapidez do
quotidiano e das relações instantâneas nos impossibilita muitas vezes de pensar
melhor, repensar com mais cuidado nossas relações com aqueles que nos unimos
para desenhar um percurso. Acreditamos muitas vezes que estamos ligados
intimamente a alguém, e muitas vezes possuímos uma rasa capacidade de
reconhecer e/ou questionar os efeitos dessa função de vínculo na qual estamos
ligados.
Se a possibilidade
de pensar melhor emperra, talvez também seja muito difícil perceber e atribuir
às conseqüências que esses vínculos podem gerar em nossa vida
psíquica. É desastroso estar ligado profundamente a alguém que pouco
conhecemos e, mais ainda, não conseguir nomear através da linguagem a dimensão
e a qualidade de identificação desse vínculo tão importante em nossa vida.
Além desses laços
direcionados a alguém, existem os grupos, coisas, objetos e também a forma como
nos ligamos e relacionamos com o dinheiro. Este ensaio busca fazer-saber sobre
a ligação que pode ser construída e cultivada entre o eu e o que se encontra
para além dele.
Através desta
experiência podemos chegar ao conceito que a qualidade de qualquer vínculo
constituído com o outro dependerá da forma como somos capazes de nos relacionar
com nós mesmos. Quando dois corpos se unem, inconsciente procuram encontrar
nessa experiência de identificação algo que está na ordem do que lhe falta.
A capacidade
afetiva de cada ser humano é o que poderá ampliar esse vínculo primário de
identificação narcísica para algo que se encontra além, em que ambos possam se
desenvolver subjetivamente sem se perder na expectativa do vínculo primário.
O laço amoroso é um
processo de construção muito delicado, que implica a partir de uma demanda
interna, muitas vezes árdua e pouco [quase nada] elaborada, para esboçar um
percurso. Como bem instrui a psicanálise, o início de qualquer vínculo com o
outro ocorrerá através de identificações entre as partes e algo muito além que
não é possível de ser nomeado.
Há algo no outro
[objeto de desejo] que parece preencher a parte que falta no sujeito,
oferecendo um sentido outro ao seu vazio. O amor na relação amorosa obstrui
muitas vezes quando o amante economiza para que não ocorra a escassez de seu
amor para seu objeto amado.
O amor é uma
contingência e não há uma ciência sobre ela. Pondé (2017) nos implica a
refletir mais ainda sobre a possibilidade do amor, quando descreve:
Para lidar com a contingência, acumula-se alguma sabedoria, e onde há
ciência, normalmente, falta sabedoria e sobra certeza. [...] o amor entra pela
fresta da porta. Nunca é convidado, mas toma todo o ambiente quando é notado.
Encanta pela sua força vital. Pelo desejo de vida que traz consigo.
Por isso, que
quando o sujeito ama acredita estar à beira de encontrar a melhor versão de si
mesmo. E essa experiência pode ser muito destrutiva para muitos outros, que não
conseguem lidar com a dimensão desse amor que não pede licença para entrar.
Na relação amorosa,
quando digo “eu te amo”, digo também “amo a mim mesmo através de ti”. Freud é
muito preciso ao escrever: quando escolho amar o Outro, escolho amar quem
representa a imagem ideal do meu Eu. Podemos expandir um pouco mais com a
reflexão de Recalcati, quando diz que o amor pode ter várias faces, e uma delas
é sem dúvida a face do embuste, da cegueira, da sugestão, da hipótese, do
enamoramento narcísico.
Não é exagero dizer
que nos aproximamos das pessoas e coisas muito mais pela expectativa do que
imaginamos que elas sejam do que realmente são. O processo que conduz uma
construção de laço amoroso verdadeiro necessita contar com um período de
dedicação mínima que seja ao reconhecimento básico das partes, que está depois
da experiência da identificação.
Segundo Martino,
nessa fase do desenvolvimento do laço amoroso existe uma tênue/tenaz
fragilidade naquilo que une as partes, que se encontram nesse momento
severamente vulneráveis. A construção e desenvolvimento do
verdadeiro laço amoroso necessitam ser sempre um processo lento e que demanda
extrema dedicação, por sua origem ser totalmente delicada.
A realidade última
[vazio] promove o pensar melhor a respeito do que nos falta. Só somos capazes
de pensar sob a experiência do vazio, implicados pelo movimento que falta nos
convoca. Mas, como toda reflexão, provavelmente o sujeito pode ser impulsionado
pela urgência de sua fragilidade emocional confundir o nó de uma relação
perversa [alienação] com um laço amoroso.
Adoecido
emocionalmente na autoestima, o sujeito encontra-se incapaz de duvidar,
questionar ou de fantasiar. O ser humano fragilizado buscará estabelecer um
modelo de vínculo no qual inviabilizará qualquer possibilidade de desconfortos
ou tentará encontrar em nome de garantias um comodismo mórbido que obstruirá o
contato com a fragilidade que dá cor a vida.
O nó da alienação
está anos luz distante do objetivo [individual e partilhado] característico da
expansão, desenvolvimento e transformação das partes de um laço amoroso. O
sujeito fracassa no vínculo com o outro, por acreditar que seu nó alienado
[perverso] seja um laço amoroso, o que impossibilita de fazer-saber sobre si
mesmo pela incapacidade de sequer suspeitar de quem realmente seja.
Existe dois modelos
de alienação em que podemos nos escorar e fazer morada. O primeiro é quando
inseguros de nós mesmos nos unimos ao outro numa ligação parasitário-dependente,
tornando-nos parte do outro. Nessa ligação perversa buscamos nos tornar parte
daquele do qual estamos vinculados, para não nos responsabilizarmos por
qualquer eventualidade do atrito saudável [mesmo que de forma frustrante], que
um laço amoroso pode oferecer.
Em seu avesso há um
modelo de falsa alienação, que se baseia no domínio-controlador, impondo que o
outro seja parte de nós mesmos e nada mais que isso. Para Martino (2013), o
sujeito incapaz de desenvolver certas funções, utiliza-se do outro para isso,
perdendo o direito de ser ele mesmo, porque parte de si encontra-se sendo
desempenhado por outrem.
A vinculação
através do nó alienado faz com que o ser humano assuma uma posição de própria
negação, que o leva a tornar-se cada dia mais carente de si mesmo, censurando o
eu para que o outro possa existir. Na aliança perversa ou nó alienado, o
funcionamento mental enfraquece sua capacidade de pensar e repensa melhor sobre
si mesmo, o que intensifica ainda mais a própria alienação, atando-se mais
ainda a dependência em favor do estado de desesperança.
Ligações como essas
cultivam um fruto deficiente de nutrientes e extremamente vulnerável, por levar
o peso das marcas amargas em sua raiz. E o que nasce dessa relação
alienada-perversa, totalmente ausente de cuidado e amor, poderá viver numa
espiral de repetição constante nas próximas gerações, contando apenas com a
sorte de encontrar pelo caminho um amor que possa desconstruir essa linhagem
perversa.
O impossível pode
parecer uma linguagem que nos inibe de pensar além de sua fronteira, mas existe
a esperança de transformação. No entanto, para que essa transformação ocorra é
necessário que possamos ser capazes minimamente de suportar a devastação que o
processo de desconstrução irá implicar em nesse momento da vida.
Esse percurso só é
possível através da experiência de um amor que entra sem ser convidado ou da
busca pela análise, na tentativa de falar sobre o que atormenta a alma e o
corpo e, assim, fazer-saber sobre o que há por trás do sintoma, para poder
ingressar na experiência de elaborações promovida pelo movimento analítico e
então poder saber-fazer melhor com o que trava e inviabiliza a ação da
existência no próprio percurso de vida.
Maicon José de Jesus Vijarva
Psicoterapeuta de Orientação Psicanalítica
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terça-feira, 10 de abril de 2018
A PRÁTICA DA PSICANÁLISE
Freud nos escreveu em 1926
que "todo aquele que quiser praticar
a análise em outras pessoas se submeta ele próprio a uma análise",
desta forma nos diz sobre a existência de algo além do estudo teórico, além dos
escritos, algo em que a experiência é capaz de produzir.
Esta observação sobre a
experiência também é enfatizada em sua conversa com a "Pessoa Imparcial" em 1926, sendo
mencionado:
Como
então poderia esperar convencê-lo, [...], quando só posso pôr diante do senhor
um relato abreviado e, portanto ininteligível das mesmas, sem confirmá-las
pelas próprias experiências do senhor?
A esta experiência que Freud
se refere, equivale a análise pessoal, sendo que, somada ao estudo teórico e a
supervisão, temos os três pilares da psicanálise, e através da vivência da
experiência dos mesmos, um psicanalista partilhará da esperança de que aconteça
a atividade psicanalítica.
[...]
qualquer um que tenha sido analisado, que tenha dominado o que pode ser
ensinado em nossos dias sobre a psicologia do inconsciente, que esteja
familiarizado com a ciência da vida sexual, que tenha aprendido a delicada
técnica da psicanálise, a arte da interpretação, de combater resistências e de
lidar com a transferência - qualquer um que tenha realizado tudo isso não é
mais um leigo no campo da psicanálise. Ele é capaz de empreender o tratamento
de perturbações neuróticas e ainda poderá com o tempo alcançar nesse campo o
que quer que se possa exigir dessa forma de terapia [...] O trabalho é árduo,
grande a responsabilidade [...] - Freud (1926).
Durante a vivência do
candidato (como é chamado por Freud em 1926) a praticar a psicanálise, o mesmo
necessitará adquirir pela prática e através de troca de conhecimento com
psicanalistas mais experientes o preparo da atividade psicanalítica, sendo que,
os mesmos requisitos também são mencionados por Freud (1918), em “Sobre o ensino da Psicanálise nas Universidades”,
no qual, nos diz que o candidato a praticar a psicanálise pode encontrar seu
campo teórico na literatura, encontros científicos e no contato com outros
psicanalistas, como grupos de estudos, por exemplo, a prática propriamente dita
será obtida através de sua análise pessoal e os tratamentos efetuados pelo mesmo
e termina mencionado sobre a supervisão que deverá ser realizada por outros
psicanalistas mais experientes.
Assim, é explicitado durante
a obra de Freud a importância do tripé psicanalítico, uma vez que, apenas o
conhecimento teórico como muitos podem imaginar, mostrou-se não ser o
suficiente, ele tem a sua importância, mas, o candidato a praticar a
psicanálise pode experimentar diversas influências, a exemplo da "contratransferência" Freud (1910),
no qual, com sua análise pessoal e sua supervisão, ele poderá conduzir de
maneira a reconhecer influências como estas em si mesmo, pois, como mencionado
por Freud (1910) "[...] nenhum
psicanalista avança além do quanto permitem seus próprios complexos e
resistências internas [...]" e assim, através da vivência e dedicação
a estes três pilares (Teoria, Análise Pessoal e Supervisão), o candidato poderá
ser capaz de tratar seus pacientes pela análise.
Referências:
FREUD,
Sigmund. Cinco lições de Psicanálise, Leonardo da Vinci e outros trabalhos.
Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, V. XI. Rio de
Janeiro: Imago, 1910.
FREUD,
Sigmund. Uma neurose infantil e outros trabalhos. Edição Standard Brasileira
das Obras Completas de Sigmund Freud, V. XVII. Rio de Janeiro: Imago,
1917-1918.
FREUD,
Sigmund. Um estudo autobiográfico, inibições, sintomas e ansiedade, análise
Leiga e outros trabalhos. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de
Sigmund Freud, V. XX. Rio de Janeiro: Imago, 1925-1926.
Ricardo Augusto Nunes
Psicoterapeuta / Psicanálise - CRP
06/142680
Contato: 17 9-9776-1984
fale@ricardoaugustonunes.com.br
terça-feira, 13 de março de 2018
QUANDO NOS IDENTIFICAMOS COM O OUTRO
Sabe
aquela pessoa que em nosso convívio nos deparamos e quando percebemos estamos
sorrindo, gesticulando, atuando ou falando parecidamente a ela? Sim, isso pode
ser um sinal da identificação.
Em
Psicologia das Massas e Análise do Eu, Freud (2014, p. 100-101) nos diz que
"a identificação aspira por dar ao
próprio eu uma forma semelhante à do outro eu tomado como modelo [...] o eu toma para si as qualidades do objeto".
A identificação também é citada em Horowitz (1991, p. 139), sendo que ela
"assimila aspectos da outra pessoa
ao eu; preserva a continuidade das
formas de ser através das gerações".
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Sigmund Freud (1856 - 1939) |
Um
exemplo notável que Freud descreveu foi o de um pensionato feminino, sendo que
uma jovem recebe uma carta e apresenta um ataque histérico de ciúmes e algumas
de suas amigas, que sabem do ocorrido irão apresentar o mesmo ataque, através
da "infecção psíquica"
(FREUD, 2014, p. 102), uma vez que, através da identificação, algumas jovens
podem querer estar na mesma situação da jovem que recebeu a carta, aceitando de
certa forma o sofrimento uma das outras.
Em
sua obra Freud nos cita outros exemplos da identificação, e nos diz que ela não
se limitará à pessoa por completa, agindo de forma parcial e apenas em alguns
traços, assim, você poderá estar falando, andando, gesticulando ou quem sabe
aquela gargalhada muito parecida a de alguém, sendo este próximo ou oriundo dos
meios de comunicação.
Desta
forma o importante é a reflexão e tornar-se consciente de quais modelos estamos
nos identificando e se isso pode estar ocasionando algum sofrimento psíquico em
nossas vidas sem nos darmos conta, reflexão e consciência, que somente poderá
ser obtida através da psicoterapia e em caso de dúvida, procure a ajuda de um
profissional.
Referências:
FREUD,
Sigmund. Psicologia das Massas e Análise do EU. Porto Alegre. L&PM, 2014.
HOROWITZ,
Mardi. Introdução à psicodinâmica - uma nova síntese. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1991.
Ricardo
Augusto Nunes
Psicoterapeuta
/ Psicanálise - CRP 06/142680
Contato:
17 9-9776-1984
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segunda-feira, 22 de janeiro de 2018
GRUPO DE ESTUDO PSICANALISE DO ACOLHIMENTO
GRUPO DE ESTUDO PSICANALISE DO ACOLHIMENTO
Reflexões sobre os possíveis recursos na expansão do pensar.
Estudo das teorias de Freud, Klein, Winnicott e Bion,
aplicadas na prática da clínica psicoterapêutica.
Presencial, ou via SKYPE
Turmas às terças e as quartas, sempre das 19:00 às 20:30
Coordenação Prof. Renato Dias Martino
Investimento R$ 70,00 mensais
Inscrições: prof.renatodiasmartino@gmail.com
http://pensar-seasi-mesmo.blogspot.com.br/
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