Freud nos escreveu em 1926
que "todo aquele que quiser praticar
a análise em outras pessoas se submeta ele próprio a uma análise",
desta forma nos diz sobre a existência de algo além do estudo teórico, além dos
escritos, algo em que a experiência é capaz de produzir.
Esta observação sobre a
experiência também é enfatizada em sua conversa com a "Pessoa Imparcial" em 1926, sendo
mencionado:
Como
então poderia esperar convencê-lo, [...], quando só posso pôr diante do senhor
um relato abreviado e, portanto ininteligível das mesmas, sem confirmá-las
pelas próprias experiências do senhor?
A esta experiência que Freud
se refere, equivale a análise pessoal, sendo que, somada ao estudo teórico e a
supervisão, temos os três pilares da psicanálise, e através da vivência da
experiência dos mesmos, um psicanalista partilhará da esperança de que aconteça
a atividade psicanalítica.
[...]
qualquer um que tenha sido analisado, que tenha dominado o que pode ser
ensinado em nossos dias sobre a psicologia do inconsciente, que esteja
familiarizado com a ciência da vida sexual, que tenha aprendido a delicada
técnica da psicanálise, a arte da interpretação, de combater resistências e de
lidar com a transferência - qualquer um que tenha realizado tudo isso não é
mais um leigo no campo da psicanálise. Ele é capaz de empreender o tratamento
de perturbações neuróticas e ainda poderá com o tempo alcançar nesse campo o
que quer que se possa exigir dessa forma de terapia [...] O trabalho é árduo,
grande a responsabilidade [...] - Freud (1926).
Durante a vivência do
candidato (como é chamado por Freud em 1926) a praticar a psicanálise, o mesmo
necessitará adquirir pela prática e através de troca de conhecimento com
psicanalistas mais experientes o preparo da atividade psicanalítica, sendo que,
os mesmos requisitos também são mencionados por Freud (1918), em “Sobre o ensino da Psicanálise nas Universidades”,
no qual, nos diz que o candidato a praticar a psicanálise pode encontrar seu
campo teórico na literatura, encontros científicos e no contato com outros
psicanalistas, como grupos de estudos, por exemplo, a prática propriamente dita
será obtida através de sua análise pessoal e os tratamentos efetuados pelo mesmo
e termina mencionado sobre a supervisão que deverá ser realizada por outros
psicanalistas mais experientes.
Assim, é explicitado durante
a obra de Freud a importância do tripé psicanalítico, uma vez que, apenas o
conhecimento teórico como muitos podem imaginar, mostrou-se não ser o
suficiente, ele tem a sua importância, mas, o candidato a praticar a
psicanálise pode experimentar diversas influências, a exemplo da "contratransferência" Freud (1910),
no qual, com sua análise pessoal e sua supervisão, ele poderá conduzir de
maneira a reconhecer influências como estas em si mesmo, pois, como mencionado
por Freud (1910) "[...] nenhum
psicanalista avança além do quanto permitem seus próprios complexos e
resistências internas [...]" e assim, através da vivência e dedicação
a estes três pilares (Teoria, Análise Pessoal e Supervisão), o candidato poderá
ser capaz de tratar seus pacientes pela análise.
Referências:
FREUD,
Sigmund. Cinco lições de Psicanálise, Leonardo da Vinci e outros trabalhos.
Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, V. XI. Rio de
Janeiro: Imago, 1910.
FREUD,
Sigmund. Uma neurose infantil e outros trabalhos. Edição Standard Brasileira
das Obras Completas de Sigmund Freud, V. XVII. Rio de Janeiro: Imago,
1917-1918.
FREUD,
Sigmund. Um estudo autobiográfico, inibições, sintomas e ansiedade, análise
Leiga e outros trabalhos. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de
Sigmund Freud, V. XX. Rio de Janeiro: Imago, 1925-1926.
Ricardo Augusto Nunes
Psicoterapeuta / Psicanálise - CRP
06/142680
Contato: 17 9-9776-1984
fale@ricardoaugustonunes.com.br
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