sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Sobre o Vencer e o Medo

Ensinam desde cedo que é preciso vencer na vida, que não se deve ter medo do caminho a seguir. Mas torna-se árdua essa tarefa, quando não se nasce num berço suficientemente bom, com as condições necessárias para correr riscos sem medo de voltar para o porto seguro.
Para que se possa vencer adequadamente, sem muita dificuldade, é preciso sim que o sujeito tenha o mínimo de ambiente suficientemente bom – para que seja possível sustentar a descoberta de si mesmo enquanto evoluí fisicamente e psiquicamente.
Modelos de superação, só servem para saber o quanto um ser humano pode chegar. Não que tais modelos devam ser seguidos. Na travessia de um lado ao outro da ponte, o que importa não é chegar ao objetivo, mas o gozo que se sente em ser enquanto atravessa a passagem até a chegada do que se almeja.
A cobrança do ambiente familiar, manipulado pela sociedade, destrói a habilidade da criança que está se desenvolvendo e nutre apenas o desespero por ser aceita por aquilo que não é e ofusca e reprime o potencial que existe em cada sujeito.
A criança que está em desenvolvimento por querer ser amada fica ainda mais vulnerável, acaba por se transformar no que os pais desejam, tornando-se adultos frágeis e melancólicos, sem prazer em sua existência.
Vencer e o medo sempre caminharam juntos, o medo é medidor para o sujeito em suas escolhas. Sentir medo é normal, sendo esse sentimento colaborador para o desenvolvimento do ser do indivíduo. Quando o sujeito é impedido de sentir medo, a capacidade de questionamento é deixada de lado, sendo levado pela vida a caminhos que não faz sentido a sua existência, impedindo o desenvolvimento do ser e suas ramificações.
Ser forte e vencedor, não significa que se é bem sucedido. O sujeito bem sucedido é aquele que pode sentir e a partir do seu sentir, pode pensar e questionar se o caminho de suas experiências que está seguindo é enriquecedor a sua vida.
Portanto, o ambiente familiar necessita ser suficientemente bom, para que a criança possa experimentar, testar e escolher o que fazer com o que surgem em seu dia a dia. A criança não deve ser forçada a fazer algo que não quer. O máximo que a figura familiar pode fazer é expor ideias, provocações filosóficas com o brincar da criança, estimular a partir do mundo dela – criança.
Wilfred R.Bion (1897 - 1979)

Wilfred R.Bion (1979) faz a reflexão de que o analista precisa ser em analise sem desejo e sem memória com o seu analisando. Faço aqui, a releitura e penso que os pais precisam ser com as crianças sem desejo e sem memória, para que as crianças possam ser por elas mesmas, descobrindo a partir dos modelos dos pais.
São os modelos dos pais, que serão alicerce para que o sujeito possa lidar com suas frustrações, medos e conquistas, e então ir se tornando um vencedor.

Bion. W. 1858/1979 COGITAÇÕEs. Ed. Imago. RJ, 2000. 1979 
________UMA MEMÓRIA DO FUTURO III. A aurora do esquecimento. Imago, RJ, 1996.







Maicon José de Jesus Vijarva
Escritor e Psicoterapeuta
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