sexta-feira, 25 de março de 2016

SOBRE A RESPONSABILIZAÇÃO

Neste texto pretendo falar sobre algo que apenas é possível se o sujeito teve a chance na vida, de ter sido acolhido. A Psicanálise nos convida para um olhar cauteloso e mais profundo acerca da importância dos vínculos para a maturação e expansão do eu, é a partir da relação com o outro que aprendemos a mais sublime das capacidades, o amor. E aprendemos com o outro a amar-se, tarefa imprescindível para um bom funcionamento mental e para possibilitar o caminho da expansão do ser.  Um ego com a capacidade de responsabilizar-se pelo que está sendo, antes deve ter tido um continente que pôde ser responsável por ele e que lhe proporcionou a oportunidade de auto reconhecimento
Sigmund Freud (1856-1939)
Sigmund Freud (1856-1939) traz em 1911 no seu texto “Formulações sobre os dois princípios de funcionamento mental” a teoria dos processos mentais que regem o aparelho psíquico. O processo primário: modo primitivo em que a mente está apenas interessada em satisfazer seu próprio prazer, até porque ainda não consegue reconhecer a existência do outro. É o único processo disponível para um bebê, mas que vai nos acompanhar, ele será necessário, pois utilizaremo-lo para nossa autopreservação. A responsabilização está ligada a um aparelho psíquico que na maior parte do tempo encontra-se no processo secundário, este, regido pelo princípio da realidade. Em “Primeiros Passos Rumo à Psicanálise” Renato Dias Martino explica:

“Se no processo primário a lei partia do afastamento do desconforto independente da realidade, agora no processo secundário, o referencial é justamente a realidade .” (Martino, 2012)

Para que a responsabilização ocorra é necessário que se tenha uma real percepção de si e do mundo. Diferentemente do processo primário, onde ainda não consegue ou não tem a chance de desprender-se da satisfação de seu prazer, ficando preso ao narcisismo.
Portanto, providos de um bom funcionamento mental nos encorajamos a responsabilizar-se pelo nosso desempenho em cada vértice da vida sem se culpar, mas com capacidade de reparação. Interagimos pelo que somos, e utilizamos do ser para a auto-realização.

“A responsabilização, diferente da culpa, é um movimento do ego fortalecido, Um ego forte qualifica o ”sujeito desejante”, aquele que escolhe e expande em direção ao mundo, em nome da realização.” (Martino em Para Além da Clínica, 2011)

Realizar-se é a parte última de um processo que contou com as possibilidades de expansão de pensamento e responsabilização. É a concretização de um sujeito que está guiado para além de seus seis sentidos, pois ele é capaz de agir pela sua intuição.







Psicoterapeuta e escritora
Autora do livro A Depressão e o Pensar: Sob a Perspectiva Psicanalítica
Contato - 17 99101 7531 - thais.1929@hotmail.com

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